Sem perdão
- jade turquesa
- 16 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Não tenho o hábito de escrever aqui sobre tristezas mas tenho que fazer um parênteses e reconhecer que o momento não é alegre, não pode ser um dia, uma semana, um mês cheio de sorrisos.
Nem tratar de "parênteses" o drama que estamos vendo no Amazonas. Nosso povo morrendo sem oxigênio.
Oxigênio. Durante os duros dias que vivemos na primeira fase da pandemia recebi um post, se bem me recordo, um idoso que vivia na Itália dizendo que tivera que pagar por oxigênio no hospital e que agora reconhecia a benção que recebera de Deus por todo o oxigênio que respirara pela vida, gratuitamente.
Vocês já pararam um momento suas vidas para pensar no que está havendo logo ali?
Me impressiono com as redes sociais e me penitencio também quando coloco motivos alegres com musiquinhas legais querendo, de certa forma, tocar adiante a nossa vidinha cega sem olhar para o lado e neste caso, sem olhar para trás, porque venhamos amigos, a situação é trágica ao extremo.
Fico de um lado para o outro pensando no que fazer para ajudar. Me dá um calafrio que escorre pela medula só de imaginar o horror pelo que passa a nossa gente. Sim. São nossos, todos nossos.
Me nego a discorrer opiniões sobre acertos e erros dos políticos. Esse julgamento não está sob o meu martelo mas sei que não escaparão ilesos de outros juízos.
Só não consigo viver na ilusão ou na negação. Ilusão.
Vejo as redes sociais e fico admirada com as atitudes de frenesi de felicidade. Será que alguém tem a ilusão de pensar que tudo voltará a ser como antes? Ou será que fingir que a água não está batendo no seu calcanhar é uma forma de não ter rebaixada a sua imunidade?
Seria uma forma de sobrevivência?
Sinto dizer, ninguém está com essa imunidade. E tem gente que ainda está se perguntando se deve buscar na vacina o seu oxigênio.
Não sou ninguém para criticar (tenho telhado de vidro - manchado agora pelo cimento que a Zarvos joga em cima de mim) mas o lugar de tamanha alegria ficou ocupado com outro sentimento, para mim.
Meu coração está apertado e me dói não poder fazer nada.
Talvez eu esteja errada e meu olhar esteja crítico demais. Talvez seja melhor aproveitar ao máximo os momentos alegres, congelá-los em fotos e posts para ter o que segurar.
A mim, só resta rezar pelos irmãos do mundo que não tem oxigênio, nem post, nem alegria, nem uma mão para segurar.
Peço que rezem por eles. É só o que podemos fazer no momento.

É, amiga, o momento nos leva a refletir profundamente!!! Muito apropriado o seu texto! Ficamos com a sensação de impotência diante de tal situação! Muito triste!! Revolta pensar na ineficiência dos responsáveis!