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Sem palavras

  • Foto do escritor: jade turquesa
    jade turquesa
  • 19 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

Eu ando sem palavras para escrever. Tenho me dedicado muito à leitura, cabeça borbulhando e muito trabalho.

Inacreditável para mim o novo trabalho. Sempre quis fazer um trabalhinho assim. Passei 40 anos dizendo que um dia faria e neste ano a oportunidade bateu.

Além das obrigações que assumi com meus animais, porque assumi (e como!), de também me mobilizar para dar aulas de francês (somente para iniciantes) e a gostosa aventura de rascunhar e fazer um teste de colocar no mercado uma nova etiqueta (de roupas para senhoras e senhoritas - pareceu do século passado não é, mas não se iluda, não é), entrei na experiência mais gratificante da vida, chamada por aí de "trabalho voluntário".

Dou aulas. Para jovens. De periferia.

Verdade.

São jovens de 11 a 15 anos que, pasmem, se interessam por assuntos como "sustentabilidade e meio ambiente" e pasmem mais ainda, sobre "espiritualidade".

Vocês já se deram conta do que isso representa?

Sim, o mundo não está perdido.

Enquanto milhões deles andam adormecidos, caminhando feito sonâmbulos pela vida, outros, que talvez não tenham tantas oportunidades, estão iniciando um verdadeiro descobrimento sobre a vida e sobre eles.

Fico emocionada.

Estão planejando o amanhã.

Toda vez que me encontro na posição de expor algo para outras pessoas, num modelo de "eu falo, você escuta" me vem a mente um vexame que encabecei na primeira vez que falei em público. Para uma platéia seleta (de juízes).

Me puseram num armadilha e eu, a dondocona sonâmbula (nem jovem eu era) cai feito patinho.

Eu tinha que dar uma informação que representava uma mudança na parte administrativa do trabalho que seria feito em breve e aqueles brasileiros não estavam com cara de admitir mudanças...

Me deram a referida encomenda bem no início da reunião, para eu não ter como me preparar.

Para ser sincera eu nem sabia direito como explicar os motivos da mudança.

Com a cara e já sem muita coragem comecei a explanação. É piada chamar de explanação porque fui direto na informação bombástica e durante as frases que saiam da minha boca sem muita reflexão, fui movimentando os braços (como boa descendente da bela Itália) e parlando, parlando...aconteceu uma reação inusitada no meu corpo.

Provavelmente pelo nervosismo do debut não consegui mais abaixar os braços.

Cena digna dos filmes de Felini. Uma vergonha.

Me esforçava para colocar os braços em posição diferente de um espantalho, queria pelo menos alcançar a mesa mas não conseguia.

Se você está rindo não tem coração. E sua língua vai cair.

Foi uma experiência muito incômoda e por uma década eu corava quando me lembrava da cena e da cilada que me foi endereçada. Depois me acostumei a falar em público, até porque vergonha maior que aquela, impossível.

Hoje, de frente para aqueles jovens que dirigirão o futuro, meus braços se erguem novamente, desta vez em agradecimento pela oportunidade de fazer algo do qual nunca irei me envergonhar.

Boa semana a todos.





 
 
 

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