O dono da rua - o filme

Faz pouco tempo trafegar pelas ruas, de carro ou a pé, era uma aventura. Trânsito terrível em qualquer rua, em qualquer bairro, calçadas lotadas, muitas vezzes com aquela "chegadinha"...quem nunca perdeu a carteira ou o celular nesses encontrões propositais ou viu seu carro com uma riscadinha...deixa pra lá, nem vale a pena discutir (e nem adianta).

Todos nós, contribuintes forçados, disputávamos (as vezes com tapas) nosso lugarzinho ao sol sobre o maltratado alfalto do nosso caminho.

Cada um seguindo seu rumo, ritmo de forró, black, blues, axé, carnaval, cada qual dentro de sua bolha, vibrando na frequência das ondas do mar, ops, ondas sonoras.

Se a música tem a propriedade de influenciar o estado de espírito das pessoas, me pergunto qual ritmo seria capaz de acalmar, trazer inspiração, pensamentos de pintura em aquarela quando estamos imersos num gigante e costumeiro congestionamento às 18horas?

A resposta é nenhum. Só a Jeannie (é um gênio) poderia nos ajudar.

A história mudou (até deveria mudar mais) e agora a rua não é mais nossa.

A rua pertence à solidão.

Acho que algumas pessoas se sentem sós, mesmo podendo ligar, wuatsappear, facetimezar (Aurélio Buarque de Holando deve estar dando cambalhotas no túmulo) porque quando olham por suas janelas, cerradas para não entrar o virus, vêem à quem realmente pertence a rua. Àquele triste personagem esquecido de todos nós...o morador...da calçada.

Segue agora perambulando sozinho, gritando frases ininteligíveis, único personagem desse filme nacional.

Que sensação!

Recentemente recebi de uma amiga um post sobre um padre que pede ajuda para continuar alimentando cerca de 500 moradores de rua. O apelo me fez sentar e escrever a cena que vi ontem a noite. A cena sem direção e mal dirigida do filme nacional.

E você se quiser ajudar e mudar o canal, eis aqui o link.

benfeitoria.com/moradoresderua