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Favela

  • Foto do escritor: jade turquesa
    jade turquesa
  • 13 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

É sempre muito gostoso falar de coisas interessantes, de ler crônicas que nos levam embalados para um sorriso inesperado, cenas engraçadas descritas de maneira clara e despretenciosa.

A única vez que quis, deliberadamente, criticar uma postura, me debruçei para dividir com vocês o descompromisso com a vizinhança, o desrespeito com o alheio, o descaso com as pessoas e seus bens e a saúde das pessoas.

Como uma empresa, aliada à outra, podem detonar o seu entorno, sem dó e sem piedade, conscientemente, como dizia uma certa série antiga, sem querer querendo?

Me refiro, voltando à antiga lenga lenga, às empresas Idea!Zarvos e Lock incorporadora e construtora, respectivamente.

Impressiona a coragem kingkonguiana de impor às pessoas do entorno da obra um tenebroso desprezo.

Essa foto que colo aqui é justamente em frente à minha casa, cuja aparência é agora com as chuvas - depois de 2 anos vivendo sob o arremesso de quilos de cimento, conforme textos e imagens anteriores - um escorrido de terra vermelha (que obviamente não fica somente no outro lado da calçada), alcançando até rua próxima.

O que o engenheiro chama de futuro jardim, cujo jardineiro deve ser um maníaco, porque faz exatos 47 dias que um trator mancha e desmancha o local, selando para sempre o bueiro que estava obstruido pelos restos da obra (fechado, nem deixa rastro de onde existia), agora é palco de um lamaçal generalizado. E não é só em frente à minha casa.

Além do barulho do equipamento (que chamei de trator mas parece um caranguejo com garras), o tal "jardim" é feito e refeito, feito e refeito, dia após dia, porque com certeza alguém deve estar esquecendo de algo muito importante. O bueiro? Ou quem sabe aquele lençol de água - descoberto sob as entranhas dos prédios - que jorra incessantemente água nas nossas calçadas (porque antes tinha um murinho que direcionava essa correnteza para o bueiro, agora soterrado) que em contato com a terra vermelha faz de todos os moradores da rua palhaços com a cara pintada da tristeza da impotência, frente às empresas que não são feitas de pessoas de verdade. São apenas placas, sem nada por dentro.

Somente para relembrar, o governo Haddad, sob o argumento de erguer prédios populares próximos ao metrô, modificou a quadra em frente à minha casa, para permitir a construção de 2 torres de 29 andares, 4 suites, 4 vagas, que aliás foram todos vendidos por 3 milhões de reais. Bem popular!

Ocorre, porém, que manteve a quadra de nossas residências como 'exclusivamente residencial nível 1" e também manteve ao nivel de 16 mil reais o IPTU, para garantir a nossa pinta de palhaços.

Denunciar à Prefeitura? Meu vizinho (que nem mora em frente à obra) foi, para ser mal tratado ainda mais um pouquinho.

Lamentável, mas lamentável mesmo. Não bastassem as tristezas do momento (que não são leves) ainda temos que nos submeter aos desmandos de construtoras poderosas que esmagam os sobreviventes das favelas que deixam em sua volta.

@Idea!Zarvos e @Lock. Lamentável.

O desespero agora é só um lamento.


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