Boas palavras.
- jade turquesa
- 23 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Não tenho a intenção de me apropriar de algumas frases e reflexões que ouvi (ou li) que poderiam me impelir à ações mais dignas, do ponto de vista de auxílio ao ser humano,
mas que algumas fazem efeito nos mais recônditos espaços de nosso íntimo, ah fazem sim.
Estando mais reclusa (minha tornozeleira ainda demanda alguns dias para a sempre restrita liberdade pós 2a dose da vacina) tive oportunidade de pensar.
Milagreeeee, sim um dos milagres da pandemia, foi fazer as pessoas pensarem, até porque tenho a impressão que todos estão um pouco fartos de reclamar. Já deu o tempo da reclamação porque já sentimos que é um gasto tonto de energia e de nada adianta. Só fica reverberando entre nós e não adiciona absolutamente nada.
Então, o que fazer diante da imobilidade imposta pelos tempos de virus?
Anoto que para algumas pessoas de meu próprio relacionamento nada mudou. Nem parece que paira no ar os lamentos de meio milhão de mortos, nem parece que o ar continua sendo a matéria (sim, ar é matéria) mais cara - no sentido de valor - que sempre tivemos aos montes e nem sabíamos que dela necessitávamos nesse tanto.
Mas tem pessoas que tomaram posições pouco dignas, no meu entender.
Nem me sinto à vontade de descrever o que não há de melhor nas outras pessoas porque, de certo não gosto de perceber que tive, tenho ou terei ainda que emendar muitas características da Idade Média em mim.
Porque, o processo de autoconhecimento mesmo, aquele por dentro, real, na sinceridade, verdadeiramente, sem pudor, sem adoçar a pílula, sem acúcar de confeiteiro é beeeem dolorido.
Tem horas que a gente acha que vai virar do avesso, mas o processo tem finalidade garantida. Você fica melhor (é o que se espera, por favor, endireite algumas coisas).
Se pensarmos na evolução do homem (no sentido ser humano, claro, não sou machista) já melhoramos muito. Já jogamos gente pra leão comer, já lutamos em guerras!
Tá bom que a maldade ainda existe, mas agora a maldade não é a regra, é a exceção (só não sabem disso os meios de comunicação que insistem em alardear o que o ser humano tem de pior, porque é o que ainda uma maioria sonolenta curte ver - eu não. Não mais).
E esse barulho triste reverbera na massa também.
E esse sentimento inferior não existe só na tv. Vejo nas mídias sociais provocações que, se as pessoas estivessem utilizando suas boas faculdade mentais, teriam vergonha ou medo de rever.
Querendo fazer o tipo "quero que você se dane" (pra não dizer outra coisa) cospem frases que crêem ter impacto, causando um rastro de péssimas energias que, se não sabem fiquem cientes, retornam como um bumerangue para somar às já existentes piores sensações nesses pobres e endurecidos corações.
Não viram ainda que esses momentos que passamos, todos juntos com esses virus, ensejam ações de bondade, palavras de acolhimento?
Se esses seres, vendo tudo isso acontecendo em nossa volta, ainda tem o impulso de atacar, injuriar, ferir, usar de sarcasmo (seja por motivo de opinião política ou por qualquer tipo de assunto), eles precisam saber que estão doentes.
Ter o custo de trabalhar os neurônios para usar de agressividade, desde a enrustida até a mais clara, chega a ser ininteligível para o momento atual. O que se ganha causar uma reação de mão dupla (porque quem se dá a esse luxo também está se sentindo o Ó) e em nós usando facebook ou intagram que, vamos encarar, aceita tudo e invade sem medo muitos olhares desavisados?
Será que é isto que querem causar? Neste momento sofrido da humanidade?
Porque cutucar o tal leão com a vareta curta, para fazerem surgir em você o pior, aquele sentimentinho nada elevado?
Veja até onde chega a impudência, não sendo possivel ferir com uma pedra pessoalmente, o impossível acontece: face ao distanciamento, usam a sua pior habilidade para acertar o alvo e provocar um sentimento ruim, seja de raiva ou ranço em alguém.
Tenha dó! Sim, dó.
Minha sugestão é fugir delas e se munir de um sentimento muito especial que se chama piedade. Esse sentimento tão nobre que é tão necessário para que todos possam continuar vivendo em paz.
Já que nossos passos dimunuiram de tamanho, que as nossas palavras - que não foram feitas para atingir como flechas as pessoas - possam ser como braços estendidos para entregar e receber um pouco de harmonia e serenidade.
Essas são boas palavras.
Suspirei com vontade e gratidão.

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