A minha Ruthinha

Logo após minha separação tive um longo relacionamento com uma pessoa um pouquinho mais de uma década mais jovem que eu.

Booom relacionamento, Recomendo. Não só porque seus dias ficam mais leves mas também porque você se sente renovada, mais nova e mais risonha. Não dá para esconder o sorriso.

Além da paixão por ele tinha uma paixão por um filme, desconhecido da maioria mas uma delícia de se ver. Seu nome "Um Caminho Para Dois" com ninguém menos que Audrey Hepburn e Albert Finney.

Também recomendo. Um filme sobre os momentos e fases de um relacionamento. Duvido não gostar.

Nesse filme, o casal principal faz uma viagem de carro pela Europa acompanhado por um casal de amigos e sua filha Rutinha, uma criança irritante, teimosa e mimada. Daí acontece uma cômica viagem, que contribui ainda mais para a garantida diversão que proporciona esse filme.

Bem, não preciso dizer que a coincidência do nome, minha mãe se chama Ruth, foi o trampolim para uma brincadeira entre nós e é claro que meu espirituoso (e quase maldoso) namorado dizia que eu também tinha a minha Rutinha.

Brincadeiras a parte, é necessário deixar claro que traçar qualquer semelhança entre aquela personagem e minha mãe seria cometer um pecado. Uma enorme injustiça.

Quem já esteve com ela pode endossar tudo que vou dizer, com orgulho,

Como não reconhecer uma inesgotável força de vontade, uma fonte de energia que surgia ao acordar os olhos pela manhã?

Viver com ela sempre foi...viver.

Uma força superior que encaminhou a sua família (eu e meu querido pai) por caminhos que escolhia assim que sentia uma diminuição na velocidade e firmeza nos nossos passos.

Não foi só quando eu fui criança que segurou minhas mãos e conduziu para a melhor direção. Nem fui a única acolhida nos seus seguros braços.

Aqueles olhos me velaram a vida toda e até agora me seguem de um lado para o outro.

Uma firmeza raciocinada, insistente, as vezes engraçada. Um senso de justiça de invejar.

Superou grandes desafios, tristezas e decepções mas lutou com a coragem de um leão, seu signo aliás, esse sim, faz semelhança com essa excepcional mulher.

Sei que ela foi feliz e aprendeu muito com a vida, como tem que ser, não é?

Hoje, como boa e assídua aluna, descansa numa cama onde a velhice a colocou. Descansa? Não essa Ruth, luta e luta e luta e se agarra à vida com a mesma força que me trouxe a ela.

Hoje sou eu quem vela essa ilustre mulher.

Sim, ele tinha razão, eu tenho a minha Ruthinha. Graças a Deus.

Um feliz dia das Mães!