A cadeira sem palavras.
- jade turquesa
- 3 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Já faz dias que minha cadeira não me atrai para uma conversa com as letrinhas. Tenho olhado para ela, esticado os olhos desconfiados, fingindo que não estou vendo aquele espaldar todo retinho querendo me alongar.
Viro para lá, viro para cá, Passo olhando para outro lado. Puxo os olhos para o sofá. Me comporto como uma tola orgulhosa que esnoba aqueles que julga inferiores.
Não quero que ela faça comigo aquele aconchego que me respalda até deixar à mostra aquilo que nem sabia que tinha.
Ela é sorrateira, me envolve, me relaxa, me coloca num terreno inexplorado mas que reconheço como sendo meu.
Meu espaço, engraçado não é?
Essa área desconhecida que me coloca em contato com várias visitas. Lembranças, pensamentos, julgamentos (cuidado com eles), emoções, medos, alegrias e as tristezas. Ah elas...por sorte, vem e vão, não estacionam. Nenhuma delas.
Passo de lado e levo o pensamento para onde?
Comida!
Se não fosse as comidinhas, o que seria de mim?
Por isso tantas receitas...procuro não fomentar o aumento de peso, mas vamos e venhamos, também somos filhos de Deus.
Essa última, o doce da Maga, é pra comer e correr 3 maratonas.
Sinto muito, é uma delícia pecaminosa necessária para o momento.
Dane-se o peso (só por um momento...e se for por só um momento mesmo).
Só de ler a receita já engorda, Leia se tiver coragem. E para materializar esse deleite será necessário mais que coragem. Vai ter que desapegar da cinturinha fina kkk.
E os dias vão passando e coloco a cadeira ao lado da tv. Ficam lado a lado, não se olham.
Não, não. Não ouso ligar naqueles canais de elevação de tragédias.
Só de passar rápida e involuntariamente por eles uma estranha sensação de aperto, de desconforto já bate no peito.
Parece que uma janela se abre e não entram boas sensações Chô pra lá!
Evito.
Prefiro o doce. Então corro para a geladeira e lá está ele. A guloseima vai servir como um calmante emocional, quem não precisa?
Me sirvo sem pudor, sinto até calafrios de desejo e até esqueço que deixei a cadeira de castigo.
Depois de me encaixar no espaldar e no açucar ainda me sinto muda (de boca cheia não vale falar).
A cadeira, ao lado da tv, vai continuar sem palavras.

Como não acalmar com um docinho??!?!